Compartilhando uma experiência profissional culturalmente enriquecedora. Ontem fiz captação para um minidoc que contará um pouco da trajetória de um casal de bailarinos que atua na China. Ela, russa e especialista em Vogue. Ele, brasileiro da dança contemporânea. O papo em frente e detrás da câmera passou por temperaturas de 30 graus abaixo de zero, censura política, desenvolvimento tecnológico, sucesso orientado a oportunidades, Madonna, teatro, dança, entraves linguísticos e tantos outros assuntos da vida cotidiana no exterior que perdi até a noção do horário.
Esse tipo de oportunidade, que nos permite absorver e refletir sobre visões de mundo diversas, sempre me tira do eixo. Às vezes causa incômodo, às vezes maravilhamento. Fico incomodado quando minhas opiniões são colocadas à prova e maravilhado quando consigo substituí-las por pontos de vista mais abrangentes, em que o horizonte se apresenta mais nítido e, de certa forma, mais belo. Exemplo? Nas frases “o comunismo é bom” e “o comunismo é ruim”, hoje, me parece mais produtivo explorar os significados de “bom” e “ruim” em vez do já batido “comunismo”.
Da perspetiva do indivíduo, só quem vive um regime político sabe o quanto ele pode beneficiar ou lesar sua vida. Enfim, acho que posso concluir dizendo que a solidez das nossas “verdades” é diretamente proporcional ao apego que temos pelas nossas opiniões. E o ambiente profissional muitas vezes nos oferece oportunidades de evolução que vão muito além das habilidades técnicas. Mas só as agarra quem está aberto ao processo de desapego.