Se alguém te disser que a menor distância entre dois pontos é uma reta, você concorda, certo? Além disso, algum professor te disse que o comprimento de um disco, seja qual for, sempre terá a medida do seu raio multiplicado por pi multiplicado por 2, lembra? Estas e muitas outras constatações irrefutáveis da geometria foram postuladas por Euclides há mais de 2 mil anos, em sua obra Elementos, talvez a produção científica mais aplicada de todos os tempos.

A geometria euclidiana descreve o mundo da maneira mais precisa possível, de uma formiga ao estádio do Maracanã. Tudo certinho, bonitinho, sem erro algum (pode procurar na obra do homi).

Faz sentido pensar que ela serviu de base para notórios cientistas de todas as épocas reafirmarem suas crenças em Deus, já que a geometria é capaz de descrever com exatidão o que há de mais belo na natureza, uma clássica alusão à criação divina.

Estava tudo indo bem até o senhor Alberto encafifar com a gravidade. Depois de publicar a teoria da relatividade especial, que já deu uma zuada nos conceitos de geometria, Einstein se deparou com o paradoxo de um disco que gira em torno do seu centro. Nessa situação, o que acontece com o comprimento da sua borda? Se o disco está em movimento, segundo a relatividade, sua extremidade tende a estar mais contraída (não me atrevo a explicar porque, estou digitando no celular).

E agora, José? Se você olha para o disco do Amado Batista paradinho, antes de ligar a vitrola, ele tem um tamanho X. Já no momento em que você ouve “no hospital, na sala de cirurgia…” e vê o disco girando, ele tem o tamanho Y!!! Çocorro!!!

Sabe onde eu quero chegar com essa história? Lugar nenhum. Só fiquei pensando aqui como a humanidade é besta mesmo. É tão fácil aderirmos a verdades “absolutas” quando elas existem apenas no campo das ideias, das conveniências, dos desejos, das fixações. Mas no mundo real (realzão mesmo), onde todas as partículas minúsculas e as coisas grandes [por mais que não aparentem] estão em constante movimento e transformação, fica muito difícil (se não impossível) aceitar que tudo é relativo, que nada é permanentemente, que não há controle, nem garantias, seja qual for o nível da realidade observada (ex.: abraço em travesti, anéis de Saturno, manifestações e prol de chorume, raios gama, etc.). Até o algoritmo do GPS do seu celular sabe considerar a relatividade, menos você. Tão pouco eu. E sabe de uma coisa? Parece que vai piorar.

Sem final feliz. Fique bem. Bjo.

Foto: Universidade Humboldt de Berlim (Crédito: Anderson Carvalho)